Os descaminhos do Brasil
É bem possível que o Brasil esteja vivendo hoje a maior crise de sua história republicana. O golpe de estado, perpetrado em 2016 pelas forças do poder, mergulhou o país em uma catástrofe econômica, social, política, ambiental, sanitária, alimentar e, sobretudo, ética. A erosão da democracia e do espaço público em seus elementos institucionais foi acompanhada por uma profunda desdemocratização da sociedade como um todo.
As motivações para desferir esse golpe na frágil democracia brasileira foram múltiplas e poderíamos dividi-las, para fins de análise, primeiro nos aspectos geopolíticos internacionais que depois foram claramente expressos na política externa; e em segundo lugar, nos elementos de origem nacional que atuaram a partir da conjuntura política interna e dos atores nacionais.
Aqui a autora buscou elencar alguns dos principais motivos, tanto econômicos quanto políticos, pelos quais o país atingiu a atual situação de erosão da democracia e desmonte do Estado brasileiro. Assim, o avanço da financeirização precoce, que permitiu o enorme crescimento do setor bancário, aliado ao capital rentista do agronegócio brasileiro, promoveu novos alinhamentos nas elites do poder. Por sua vez, a financeirização especulativa multiplicou os caminhos das irregularidades e ilegalidades fiscais que se expandiram nos territórios, alavancadas pelo narcotráfico e outros negócios ilícitos.
Além dos aspectos econômicos nacionais, o surgimento de uma nova direita internacional contribuiu para configurar um processo político inovador, além dos tradicionais golpes que os países latino-americanos habitualmente vivenciam há décadas. Assim o Brasil sofrerá um golpe judicial, parlamentar e midiático, que levará a eleições fraudulentas com forte apoio das Forças Armadas.
A situação atual às vésperas das eleições marcadas para 2022 apresenta enormes incertezas sobre o futuro da própria democracia brasileira, sempre frágil e alvo de ataques que combinam interesses internos e externos, estes últimos cada vez mais decisivos pelo peso das decisões macroeconômicas e das disputas hegemônicas globais.
Por fim, o artigo busca caminhar apontando outros aspectos que mesmo no Brasil merecem mais atenção. Embora tais aspectos sejam estruturantes da história, ligados à notória violência praticada nos territórios e populações brasileiras, o Estado vem atualizando as formas de aprofundar suas ações racistas, sofisticando suas práticas de criminalização das populações.
Apontamos, assim, a necessidade de ampliar e entrelaçar a análise das estratégias de implementação do modelo econômico extrativista juntamente com a prática de controle e dominação populacional, no que se pode começar a estudar a partir de conceitos como Terrorismo de Estado e genocídio das populações como práticas políticas a partir do Estado.
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