Impactos do Acordo Mercosul-UE para as mulheres
Sabemos que o Acordo de Associação União Europeia – MERCOSUL irá provocar importantes impactos macroeconômicos na integração do bloco sul-americano, e também em cada um dos países da região.
O Acordo que vem sendo negociado especificamente desde 2004, foi assinado em Julho de 2019, aproveitando a coincidência de governos neoliberais na Argentina (Macri) e no Brasil (Bolsonaro), sem contar com estudos de impacto atualizados. Neste momento, o Acordo precisa passar pela ratificação dos Parlamentos. Na Europa, o Acordo está sendo amplamente questionado por diversos governos e parlamentares da UE e pela sociedade civil, enquanto no Mercosul, a sociedade civil é quem lidera as críticas e questionamentos. De fato, os impactos do livre comércio sobre os países das Américas são amplamente conhecidos, pois muitos deles vêm assinando acordos sob a sombra do neoliberalismo que cobre a região.
No Brasil, diversas análises prévias a esse fechamento do processo negociador dos governos também vêm mostrando os nocivos impactos de tais acordos. Por sua vez, a negociação tem levado muitos anos e durante esse tempo, os temas e diversos aspectos dos conteúdos negociados têm mudado de forma significativa, como também o contexto de crise econômica e de desindustrialização brasileira, ainda de forma mais evidente depois do processo da pandemia e dos retrocessos democráticos que o país vive. Neste sentido, se faz necessário levantar informações e dados sobre os impactos que esse Acordo de Associação EU-Mercosul terá sobre diversos setores da economia brasileira, notadamente a agricultura, a indústria, o setor de serviços e as compras governamentais, como também os impactos sobre a saúde, a educação, os serviços públicos, o emprego, dentre outros importantes. Por sua vez, já sabemos que os acordos têm ganhadores e perdedores, e que os impactos sobre a pobreza e as desigualdades podem ser um efeito antecipadamente conhecido. Também sabemos que entre os perdedores, as mulheres são um grupo muito importante, não só pelos impactos no mundo do trabalho, já que se espera que o Acordo aumentará o desemprego e especialmente os empregos industriais com maior qualificação e salários, como também pelos impactos na privatização dos serviços públicos, que afetam o cotidiano doméstico fundamentalmente assumido pelas mulheres. Por esses motivos, atualizar as pesquisas dos impactos previsíveis dos acordos será fundamental para direcionar as estratégias de incidência da sociedade civil e do movimento feminista sobre as políticas que tais acordos irão determinar. Assim, estamos realizando e apresentando o resultado inicial do “Estudo acerca do impacto do acordo Mercosul-União Europeia, da inserção externa brasileira e das mudanças tecnológicas para o emprego feminino no Brasil”, coordenado por Marta Castilho, professora de Economia do IE – Instituto de Economia da UFRJ. O mesmo será complementado com 3 artigos:
1) Impacto do acordo Mercosul-União Europeia para as mulheres;
2) inserção do Brasil nas cadeias globais de valor e o emprego feminino;
3) Perspectivas das mudanças tecnológicas para o mercado de trabalho feminino.
Boa leitura
Acordo UE-MS - set2020 - versão longa
Radiografia do mercado de trabalho