CICLO DE DEBATES FEMINISMOS 02: o que é ser feminista hoje?
Dando continuidade ao Ciclo de Debates Feminismos: diálogos difíceis, diálogos possíveis, no próximo dia 6 de outubro, propomos a pergunta: As bruxas hoje: o que é ser feminista atualmente?
Consideramos fundamental integrar novas reflexões e saberes que têm sido ampliados nos últimos anos dentro do feminismo, com as contribuições da economia feminista, da economia dos cuidados com a reprodução da vida, das ideias e posicionamentos ecofeministas, dentre outras reflexões que queremos aproximar. Acreditamos neste sentido que as contribuições teóricas que trouxe no primeiro debate do Ciclo a feminista Silvia Federici têm sido muito interessantes para entender o processo histórico e político que permitiu a domesticação do corpo das mulheres e a acumulação primitiva do capital na formação do sistema capitalista.
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O cenário sociopolítico conservador que marcou o ano de 2015 favoreceu a retomada das ruas pelos movimentos feministas que protestavam em uníssono contra a apropriação dos corpos femininos pelo Estado. O grito feminista “meu corpo, minhas regras” não é novidade na trajetória da militância feminista no Brasil. O ineditismo, porém, foi a força e o escopo com que o feminismo eclodiu a nível nacional, revelando novas formas de organização do movimento feminista e abrindo espaço para pautas anteriormente invizibilizadas dentro do próprio movimento.
Com a mesa “O que é ser feminista hoje?” buscaremos debater e compreender as novas formas de manifestação e organização feminista que chamaram atenção nas ruas ano passado, e que por sua vez diferem-se do feminismo tradicional dos anos 70 e 80. Os “novos feminismos” têm como principal diferença a sua apropriação das ferramentas digitais, o que possibilita uma maior abrangência e compartilhamento das pautas sugeridas, criando espaços virtuais para o debate feminista, e chamando cada vez mais militantes a se descobrirem feministas e a se engajarem no movimento. O meio digital também favorece a contestação da organização hierárquica dos antigos movimentos, facilitando o surgimento de grupos de forma descentralizada e independente. Além disso, enquanto o feminismo tradicional se organizava em torno da unidade de todas as mulheres e muitas vezes apresentava demandas que contemplavam um recorte de mulheres bem específico, os novos feminismos partem da diferença como condição inerente a prática política, apresentando uma multiplicidade de protagonistas e pautas que as englobem. A identidade passa a ser uma das principais preocupações das feministas atuais, sendo esta compreendida como um processo no qual articulam-se gênero, raça, etnia, idade, classe, enriquecendo e ampliando o debate feminista, assim como a luta por direitos no Brasil.
Debater a transformação do movimento feminista no Brasil é fundamental para pensarmos os novos caminhos e as novas possibilidades do feminismo nacionalmente. Com esta mesa buscaremos compreender, o feminismo realmente mudou ou somente está com roupagem nova?
Mesa: “O que é ser feminista hoje?”
Local: Rua 13 de Maio 13, 10° Andar. (Local do SINTRASEF)
Horário: 19hrs
Participantes:
– Andréa Gill, professora de Relações Internacionais do IRI-PUC-Rio.
– Roberta Maria de Padua, militante transfeminista e designer – Coletivo de Mulheres PUC – Rio.
– Adriana Martins, militante feminista da AMB (Articulação de Mulheres Brasileiras)
– Sandra Benites, mestranda do Museu Nacional-UFRJ e indígena guarani.
Venham debater com a gente!